Monday, December 31, 2007

10 para a meia noite...

Dez para a meia noite... Caos... Dormir em excesso...
- Oh chavalo, atina aí!!!!
- Você abusou, tirou partido de mim, abusou... tirou partido de mim abusou!!!
Já Fumega, Trabalhadores do Comércio, Da Vinci, Júlio Isidro, Gato Fedorento... esta é a passagem de ano dos pobrezinhos ...
Bué coisas boas e... muita saúde e alegria para todos!!!!
Bom ano 2008!!!!
Beijos,
da Princesa!

Friday, December 28, 2007

2007: O Balanço ...


Mais um final de ano que se aproxima...
Não, não vou falar do Mundo, nem de Política, nem de Economia, talvez devesse mas, desta vez só vou falar de momentos do "meu ano"...
Posso afirmar que neste 2007 me sinto quase obrigada a fazer um Balanço pois foi um ano "particularmente" bizarro, com muitos bons e muitos maus momentos.
Comecei bastante mal … zangada com a Vida e zangada comigo mesma. Confesso que fiz um esforço supremo para apaziguar a minha alma perdida e para suavizar alguns momentos particularmente difíceis. Foi um primeiro semestre "duro de roer" em termos de vivência pessoal e cabem ao Yoga e ao Desporto o papel de santos milagreiros que me ajudaram a "voltar a página" e para não ser modesta demais, talvez aquele meu "mau feitio" tenha ajudado um bocadinho...
O início do Verão marcou, igualmente, o início da maior decadência física e mental da minha mãe e, também, o segundo semestre do ano foi dolorido e termina com a sua morte a 20 de Dezembro passado.
Agosto e Setembro foram os meus meses de eleição! Vivi a alegria de ter a Vanessa perto de mim e usámos e abusámos do prazer de estar juntas. Independentemente da proximidade ou da distância física que habitualmente nos separa, vivemos intensamente aquele precioso mês e meio em que celebrámos todos os dias o amor que nos une.
As amizades de sempre mantiveram-se sólidas e de boa saúde e tudo aponta que assim irão continuar, por muitos e bons anos.
Profissionalmente foi um ano de muito investimento pessoal e poucos resultados realmente práticos. Espero que tenha lançado algumas sementes para 2008...
Para já está planeado o início das aulas de Espanhol a 23 de Janeiro, das 08:00 às 09:25!!!!
Andaré, andaré... Arriba! Arriba!
Et l’Amour??? Ah… l’Amour, c'a c'est une autre chose!!!!
Vá, confessem que estavam a achar estranha a ausência de comentários sobre este tema... (até pareciam a "outra piquena" que já andava "embuchada" para fazer a pergunta há algum tempo, eh, eh, eh...)
Bom... o Amor, finalmente parece estar bem de saúde e recomenda-se, a todos os mortais e imortais!
Beijos,
da Princesa

PS - Este foi também o ano da morte do "icon da Taverna", a gata Carlota!

Wednesday, December 26, 2007

O meu atleta...

O meu querido Rodrigo está aí para as curvas, bom muito sinceramente penso que está aí para as curvas e para as retas, eh, eh...
É que o chavaleco tem paixão pelo Atletismo e adora correr. Tudo indica estar a levar a modalidade muito a sério e não falha os treinos.
Saído de uma lesão muito recente (fractura na rótula) está a recuperar muito bem e já entrou de novo em provas desportivas.
Aqui ficam duas fotos para verem o "estilaço" do meu novo herói!
Tudo indica que vou ter o meu lugarzinho à beira da piscina, não é Rodrigo?
Beijos,
da Princesa

Tuesday, December 25, 2007

Apontamentos...

Mais uma Consoada, mais um bacalhau com couves, mais uma reunião de família e os vários quadros impressionistas que consegui captar ao passar o olhar.
A Menita a falar com a Vanessa pela Internet, através do Skype... "Olha que giro!!!! Isto é muito engraçado!!!"
A Tia Etelvina a comentar... "Ai tanto colestrol numa só noite!!!"
O Gui a batucar com as mãos ... "Já ouviram esta? O Natal é uma festa, Yoh! Vamos todos já cear, Yoh!"
A Mafalda a falar tanto que até doem os ouvidos... "Sim tia! Tábém tia! Uuhhmmm..."
O Filipe a perguntar... "Alguém quer um cafezinho?"
O Sr. Manel a dizer..."Um bagacinho, daquele da garrafa com a boneca"
O Fernando a dormir no sofá... "Acorda Fernando!Esta é p'ra ti!", "Ãh, ãh? Sim, sim..."
Pois é, o Natal é feito destas coisas e sobretudo de muito amor e carinho.
Beijos,
da Princesa

Friday, December 21, 2007

A mãe

A relação que tive com a minha mãe em vida foi-se solidificando profundamente ao longo dos anos. O que era "guerra" na minha juventude e na minha breve adolescência foi tomando diferentes contornos ao longo das décadas que se foram passando, sendo que os últimos vinte anos foram especialmente ricos em termos de entre ajuda e cumplicidade.
Além de tudo o que me proporcionou durante a minha infância, em muitas circunstâncias com bastante sacrifício pessoal, devo-lhe uma preciosa ajuda afectiva e também financeira pois construiu a casa que eu e o irmão temos hoje. Devo-lhe, também, o apoio que deu à Vanessa enquanto fiz a minha Licenciatura de Sociologia à noite e o facto de nunca me ter criticado ou cobrado decisões de vida que tomei, fossem elas mais ou menos convencionais, mais ou menos polémicas.
E porque a admirei sempre por tudo isso procurei, muito em especial nestes últimos cinco anos em que mais precisou de mim, dar-lhe tudo o que pudesse facultar-lhe uma existência mais tranquila e uma melhor qualidade de vida. Dei-lhe sobretudo a minha presença constante, o meu amor e o meu carinho sinceros e penso que talvez isso tenha, também, contribuído para este penoso prolongamento da sua vida.
Aqui declaro muito do que sempre amou na vida para além da Vida em si mesma, pela qual era verdadeiramente apaixonada:
- Os filhos
- Uma bela gargalhada
- Uma cusquice "inocente", pelo prazer da novidade
- Animais, principalmente gatos
- Flores, principalmente rosas
- Uma bela sopa, principalmente de legumes ou de feijão
- Peixinho, principalmente carapaus grelhados
- Fruta, principalmente manga e quiwi
- Cuidar do quintal
- Fazer renda
- Juntar uns trocos, para o que desse e viesse

Finalmente a guerreira descansou e partiu para outra vida, no final da tarde de ontém.
Deixo-lhe como homenagem final este meu texto muito sentido e uma poesia de Sofia Mello Breyner Andresen:

Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais

E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.

Biografia
- Nome, Maria Julia de Brito Santos.
- Portuguesa, nascida a 27 de Setembro de 1918, no Lugar de Chamosinhos em S.Pedro da Torre, Valença do Minho
- Pastora até ao início da sua adolescência, trabalhou no campo desde os cinco anos de idade
- Saiu de casa aos dezoito anos, zangada com a mãe e com a vida de escrava que levava; partiu para Lisboa para trabalhar como criada interna, na casa de um casal de advogados.
- Foi cozinheira em várias casas particulares e restaurantes
- Encontrou o meu pai já "tarde" e decidiram viver juntos por volta dos seus 36 anos de idade.
- Teve a primeira filha com 38 anos (eu) e o segundo filho com 39 anos (o meu irmão Rui)
- Vivemos todos em Lisboa numa parte de casa alugada, até aos meus cinco anos de idade e em 1963 mudámos para a Amadora, para viver numa nova casa alugada (só nossa).
- Trabalhou em várias casas particulares como empregada doméstica até cerca dos 55 anos e, simultaneamente, fazia e vendia salgadinhos para vários Restaurantes e Pastelarias da Amadora e de Queluz; foi com esse rendimento extra ao salário do meu pai que conseguiu realizar o seu eterno sonho, comprar um terreno e construir uma casa.
- Mudou-se para a sua vivenda própria, com o meu pai e o meu irmão (eu já tinha casado), na segunda metade dos anos setenta.
- Viveu sempre intensamente, sempre com espírito de sacrifício mas com muita alegria;
- A partir dos sessenta anos superou vários problemas de saúdes graves: um cancro, uma operação complexa a uma artrose na anca, três acidentes vasculares cerebrais (detectados a partir dos 83 anos), um acidente vascular circulatório, a cegueira, a artereosclerose e uma pneumonia em 2006.
- Após resistir duas semanas a uma nova pneumonia e a uma insuficiência cardíaca, morreu no final da tarde de ontem, 20 de Dezembro de 2007, no Hospital Amadora-Sintra.

- Frase mais célebre: "Quem disse que Deus dá o frio conforme a roupa? Esse provérbio está errado! Ainda me lembro do barulho que faziam os meus dentes a bater quando estava a tiritar de frio ao caminhar no Inverno sobre a neve, só com um vestidinho fino em cima do pelo e umas socas de madeira nos pés, sem meias!!!"

- Algumas "rebeldias", além da fuga para Lisboa, em 1936, com a sua "valise de carton":

Na infância: Atava várias latas aos costados das cabras que pastava e ficava a rir que nem uma louca com o barulho que faziam ao descer, assustadas, as encostas rochosas da serra onde pastavam (sempre que nos contava esta traquinice partia-se a rir, quase sem fôlego, e os seus olhos brilhavam...)
Na adolescência: Fiava às escondidas da mãe, durante vários dias, as rocas da lã das ovelhas tosquiadas por ela e ia esconde-las fundo da cesta da ceia que levava para as noites de serão, onde havia sempre bailarico. A ideia era ter tempo para dançar toda a noite com o alfaiate da aldeia (que segundo ela dançava muito bem) e trazer para casa o "árduo trabalho das rocas fiadas ao serão", eh, eh, ...
Na juventude: Dava trolha a todos os gajos que se metiam com ela na rua e desde a estalada, ao murro e à canelada, valia tudo... Houve um desgraçado que até levou com água suja de lexívia, proveniente do balde com que lavava a escada interior do prédio onde trabalhava.
Não é por nada mas a Maria Júlia aos vintes era linda de morrer e o pessoal masculino não devia resistir a mandar-lhe uns piropos!!!!
Na velhice: Há cerca de dois anos, quando já não conseguia caminhar sem a ajuda das muletas, levantou-se da cama do Lar a meio da noite sem o auxílio destas e gritou pela empregada. Quando chegaram junto dela, estava de pé em perfeito equilíbrio, muito direita e sem o amparo das muletas.
Ao aperceber-se que alguém já estava junto dela gritou: "Aqui ninguém manda em mim! Eu faço o que quero!" É que nesse dia eu tinha-a criticado pelo facto de nem sempre querer jantar na mesa do refeitório e preferir que lhe trouxessem o tabuleiro até à sala, para não ter que se deslocar.

Thursday, December 20, 2007

As amigas ... e o Natal

É que não podia mesmo deixar de ser... um jantarinho com as amigas para nos vermos antes do Natal e Ano Novo.
A Elsa apresentou-se versão "Mulher Diesel" e a Cristina versão "Caixa d' Óculos - Novo Modelito". Eu, muito sinceramente, não se me ocorre nada de especial para o meu aspeto de ontem, talvez me arrisque a uma versão "casual light".
A amizade tem destas coisas, podemos dizer algumas barbaridades à vontade que não corremos o risco de apanhar com os tomates ou hortaliça podre, quando vamos a passar.
A conversa foi animada e o Fernando ajudou bastante (não é difícil imaginar porquê)...
Juntaram-se a nós o Lourenço, o Joaquim e o amigo americano, John. Também eles entraram na onda da conversa e as piquenas já levaram para casa, todas felizes, o livro "Oscar, o Camaleão", autografado pelos co-autores. Eh, eh, ... Grande pintarola!
Não há dúvida que as conversas bem animadas e os sorrisos abertos são como os coelhinhos ... é isso mesmo que estão a pensar, multiplicam-se muito rapidamente (nunca percebi porque dizem que são como as cerejas, pois para mim os coelhinhos fazem mais sentido e se pensarmos bem, talvez até as tartarugas ...).
Até já queridas amigas e mais uma vez Boas Festas!
Beijos,
da Princesa

Wednesday, December 19, 2007

"Call Girl", hot, hot, hot...



Foi ontem, no cinema S. Jorge, a ante-estreia de "Call Girl", o mais recente filme de António Pedro Vasconcelos.
Uma história muito engraçada que se desenrola a partir de um guião e enredo bastante bons.
Soraia Chaves (a puta dominadora), Nicolau Breyner (o político corrupto), Ivo Canelas (o bofia incorruptível) e Joaquim de Almeida (o bandido mau da fita) são os personagens que mais se destacam de todo o elenco, embora o conjunto geral de todos os actores e actrizes seja bastante bom, mesmo nos papéis de menor destaque, como por exemplo a "agarrradinha" e o "ministro".
O senso de humor está quase sempre presente e a banda sonora de Luis Cília é muito bonita, com algumas das canções cantadas por Paulo Gonzo, a encaixar na perfeição da história.
A linguagem empregue não será a mais recomendável para falar a nossa língua mãe mas, segundo dizem as más línguas é assim que o pessoal da bofia e da política de bastidores fala!!!!

Sinopse
Maria, uma «call girl» de luxo, é contratada por Mouros para seduzir Meireles, presidente da câmara de Vilanova, na tentativa que este autorize uma multinacional a construir um empreendimento turístico de alta qualidade. Entretanto, Madeira e Neves, polícias da PJ, descobrem os indícios de corrupção e começam a investigar Meireles. Tudo se torna ainda mais complexo quando Madeira descobre que Maria, a paixão da sua vida, é o isco que obrigará o político a ceder...
(Fontes: http://www.mgnfilmes.pt/ e http://cinema.ptgate.pt/)

É cinema português de boa qualidade e estreia a 27 de Dezembro próximo nas nossas salas.
Vão ver que vale a pena.
E como diriam os bofias da PJ (o Madeira e o Neves), "Foda-se! Isto é um filme do caralho!"

Beijos,
da Princesa

Tuesday, December 18, 2007

Não é possível resistir... ao Natal

Mesmo que à alma não apeteça, o Natal acaba sempre por nos contagiar, mais ou menos, independentemente da nossa vontade. Às vezes são as pequenas coisas ou os pequenos gestos que nos levam a embarcar nesta viagem, quase mágica.
Ontem, fiquei muito feliz porque ajudámos um amigo a montar a Árvore de Natal e também a iluminar o exterior das janelas da sua casa. Isto não teria nada de especial se não tivesse percebido a sua alegria. É que este ano tem um novo ânimo e sente-se que encontrou, de novo, o espírito de família há algum tempo perdido...
Bom, agora para animar aqui fica um grande e insólito Merry Christmas para todos, apresentado pelo menos conhecido, Black Santa!!!!

http://www.bootlegcomedy.com/

Beijos,
da Princesa

Friday, December 14, 2007

A revolta...

Sempre que a vida não corre... a tendência imediata é a revolta. Paciência, não há volta a dar pois a revolta é um sentimento que habitualmente nos visita sempre que a nossa impotência se manifesta perante determinadas situações, ou circunstâncias, para as quais não encontramos solução.
E lá se coloca a tal pergunta da prache - Porquê estar a passar por isto? Porquê eu?

Hoje escolho Pessoa para escrever, por mim e para mim.

"Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental - uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto - que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo.
O absurdo da frase falará por mim." (extracto de carta a Mário de Sá Carneiro, in Livro do Desassossego)

Beijos,
da Princesa

Thursday, December 13, 2007

Está friiiioooo lá fora!!!

Apesar de ser mulher de signo Leão, amante de calor e de Sol sou igualmente fã deste frio seco que nos está a dar de presente este Dezembro 2007.
Hoje saí de casa às 06h:40m da manhã. O termómetro do carro manteve-se sempre a piscar - sinal de risco de queda de neve - indicava a bela temperatura de 3ºC e, confesso, que há algum tempo não me sabia tão bem usar uma écharpe de caxemira, em volta do pescoço.
Para mim, uma das grandes belezas do tempo frio é a sensação que nos transmite o uso de cachecóis, luvas, camisolas e casacos de lã, muito quentinhos. É quase como se alguém estivesse aqui para nos abraçar e nos envolver suavemente nos braços, até nos aquecer o corpo e a alma.
Beijos,
da Princesa

Tuesday, December 11, 2007

Memórias distantes, pensamentos constantes


- Mãe! Não sou capaz de fazer os trabalhos… a conta não dá certo! A professora disse que nos dava umas belas reguadas se não levássemos os trabalhos feitos.
- Filha, tem calma, não desistas... a mãe já te vai aí ajudar. Se calhar o gato está escondido mas, quase aposto, com o rabo de fora.
E lá vinha a minha mãe Júlia sentar-se a meu lado, com carradas de paciência. Apesar da sua pouca escolaridade (terceira classe incompleta), o seu raciocínio era veloz e fazia contas de cabeça como ninguém. Sempre que se sentava junto a mim para me ajudar, ensinava-me com a calma e a tranquilidade dos sábios.
- Isabelinha, vamos lá ver… dois vezes seis… doze… e vai um, três vezes cinco, quinze… mais um, dezasseis…
- Sim mãe, já entendi! Dezasseis e vai um, três vezes sete… vinte e um e… vão dois. Ena! Viva! Deu tudo certo (já exibindo o meu melhor sorriso).
- Eu não te dizia filha, era o gato escondido com o rabo de fora.
E lá terminava eu as contas da Escola, feliz da vida por ter conseguido acabar e por, mais uma vez, me ter livrado das célebres reguadas.
A mãe, levantava-se então da mesa onde eu trabalhava com a certeza de me ter acalmado, e lá seguia para continuar as suas tarefas domésticas.
Bom, nem tudo eram rosas… a minha querida mãe Júlia também tinha um feitiozinho levado da breca e não nos perdoava grandes deslizes.
Lembro-me que eu e meu irmão Rui gostávamos muito de brincar na rua e sempre que havia um bocadinho livre lá nos escapávamos a toda a velocidade. Saltar à corda, correr, jogar à barra do lenço, ao ringue e à macaca eram as minhas brincadeiras preferidas e tudo fazia para prolongar aqueles belos bocados das tardes.
Perto da hora do jantar, lá de cima da janela, chegava-nos o som daquele recado habitual, gritado em voz alta:
- Isabel Maria! Rui Humberto! Já para casa lavar as mãos para irmos jantar. Vá rápido, não me façam ir aí abaixo buscar-vos.
- Já vamos mãe… só mais um bocadinho.
- Por hoje chega de brincadeira. Não vos chamo nem mais uma vez. Casa!
- Oh… deixa lá mãe… só mais cinco minutos! Depois vamos p’ra casa.
Pois é, escusado será dizer que os nossos cinco minutos viravam sempre uma eternidade e quando dávamos por ela, já tínhamos a mãe lá em baixo a correr atrás de nós. E aí é que era o Diabo! Ela já trazia na mão aqueles raminhos secos e muito fininhos que cortava dos arbustos existentes nas traseiras da casa e a verdade é que os usava para nos acertar na barriga das pernas. Garanto-vos que era remédio santo para chegarmos a casa num instante, subindo os lances de escada de dois em dois.
- Autch! Autch!
- Oh mãe, isso dói mãe… A gente só queria brincar mais um bocadinho.
Lembro-me, também, daquela vez na praia quando o meu irmão se lamentava que não sabia nadar e eu nem parei para pestanejar:
- Oh mano... não custa nada! Queres experimentar?
Antes do Rui ter tido tempo para concordar, empurrei-o da rocha onde estávamos e lá foi ele em voo descontrolado até à água. Ainda hoje, nem eu nem ele sabemos se foi da surpresa ou do susto mas o certo é que meu irmão não sabia nadar e conseguiu chegar até à margem.
- Oh mãe!!!! A mana empurrou-me para a água e eu não tinha pé…
- Isabel Maria!!!! Isso faz-se? Raio da miúda!!!! Tu não vês que podias ter afogado o teu irmão?
- Oh mãe, era só para o ajudar a aprender a nadar.
Tantas e tantas memórias e imagens que ficam...
Agora olho para ela e tudo me vem à memória... as caminhadas que fazia para poupar o dinheiro do autocarro, a fruta que comprava mais barata para fazer compotas, os jantares de Domingo à noite (frango assado com batatas fritas), os rissóis e os pastéis de massa tenra que vendia para as pastelarias da Amadora e Queluz pois tinha o sonho de construir uma casa (e construiu), vê-la a cavar a horta do quintal e a falar com as flores e com os gatos. Enfim, são tantas as imagens que me passam pela cabeça quando agora a vejo estendida naquela maca e perdida num tempo sem tempo e talvez sem memórias, ou não...
Não sei se ela percebe que estou ali ao seu lado, penso que sim. Por isso vou-lhe passando, suavemente, a mão pela testa e pelos cabelos, como se a pudesse adormecer sem dor e sem sofrimento.
O seu corpo já não pesa, flutua… a sua respiração profunda e instável parece um pouco mais fácil com a ajuda do oxigénio. Não sei quanto tempo ainda falta para a sua viagem…
Beijos,
da Princesa

Friday, December 07, 2007

A sombra da guerreira...

Ao ver a minha mãe ontem na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Amadora-Sintra, lembrei-me que a verdadeira imagem da "Sombra do Guerreiro" estava ali à minha frente, a sombra de uma mulher de garra que nunca baixou os braços, mesmo na adversidade e a quem devo muito do que sou hoje.
Agora está demasiado cansada e quer ficar em paz. Espero que rapidamente se cumpra o seu desejo e lhe volte o sorriso, seja onde for.
Até já...
Princesa

Wednesday, December 05, 2007

Em maré de testes...

As circunstâncias de vida do nosso dia a dia estão sempre a surpreender-nos e eu, muito em particular, estou normalmente desperta para as eventuais surpresas, até para as que partem de mim própria.
Estou numa fase de carreira em que tenho de investir bastante em formação pois tenho défice de conhecimento para o papel que me espera. Como tal, face à minha famosa teimosia, tenho procurado as mais variadas formas de me actualizar e o auto estudo, também, tem feito parte da estratégia.
Numa dada área em que sou mais fraquita surgiu uma oportunidade de nos voluntariarmos para a participação em equipas de teste ao produto em causa e "bingo", fez-se luz no meu espírito e nem pestanejei:
"Count me in", I said to the Product Development guys.
Bom, é a primeira vez que participo num coisa destas e comecei ontem a ler o que tinha de fazer e participei na primeira conferência telefónica.
Cheguei à brilhante conclusão que "Só sei que nada sei!"
“Socoooorrroooooo!!!!!” (foi a minha primeira reacção)
“Estou a sentir-me completamente burra, daquelas burras, mesmo burras...”
Respirei fundo e pensei
"Vou desistir, não percebo nada desta porra!"
"Quem me mandou a mim meter nisto…"
Depois de muitas lutas internas pois lido muito mal com o facto de me sentir uma verdadeira "piça" mas, também lido muito mal com ter de "baixar os braços" e "entregar os pontos", li e reli aquela porra toda outra vez (prescindi de ir almoçar e do treino). Aos poucos e poucos, luz foi-se acendendo no meu espírito em ebulição e, finalmente, comecei a perceber a dinâmica dos testes do produto, o que me cabia fazer e o qual o contributo expectável da minha pessoa.
Ontem conseguir terminar duas das doze áreas que me foram atribuídas, detectei alguns erros, reportei-os de acordo com as regras e as instruções que tinha recebido e...
10 Points!!!!! Bingo!!!!
No final do dia recebi um telefonema do "dono" daquela área do produto a agradecer a forma como tinha executado os dois primeiros cenários de teste. Comentou que alguns dos problemas reportados eram graves e não tinham sido ainda detectados pelos "developers". No final da conversa, pediu-me para continuar dentro daquela linha para os restantes cenários de teste.
Graças a Deus que além de "piça" sou também teimosa que nem uma "burra" (escolhi a foto do burro do Shrek porque tem um ar mais inteligente, eh, eh, ...) e a experiência tem-me ensinado que “depois da tempestade vem, sempre, a bonança!”
Beijos,
da Princesa

Tuesday, December 04, 2007

I feel lost...


Isto de andar com a casa em obras e fazer uma vida de saltimbanco é bem complicado.
Perdem-se referências, perde-se a roupa, os brincos, os cremes, ... and so on, and so on...
Nesta altura do campeonato (só passou uma semana e pouco) já não sei bem onde pára metade das minhas coisas e até acho que quando tudo acabar vou levar pelo menos um mês para voltar a organizar a minha vida.
Bom, há que reconhecer que além do "new look" do novo espaço uma das grandes vantagens destas obras é estar a livrar-me de muita tralha verdadeiramente inútil e ainda vou ser obrigada a livrar-me de muito mais. É que o espaço para arrumar coisas diminui para aí uns 40 a 50%, em relação ao anterior...
Esperemos que tudo corra pelo melhor e já agora recordemos as imagens do meu futuro breve.
I hope so ...
Beijos,
da Princesa