Esta manhã tinha um compromisso cerca das 09:00, em Lisboa,
e para evitar o fluxo de trânsito da hora de ponta, fui bem mais cedo.
O Sol e o azul do céu foram meus amigos e, como tal,
aproveitei para tomar o pequeno almoço nas calmas e fazer uma bela caminhada
até ao local onde teria de estar uma hora mais tarde.
No regresso, disfrutei o passeio, de forma descontraída,
entretendo-me a olhar em redor.
Não sei porquê, quando dei por mim zás…, lá estava eu a espreitar
por detrás do espelho da(s) personagens que se cruzavam comigo e me aguçavam a
atenção.
Hoje foi um sem abrigo, que por ali costuma andar de manhã
cedo, na António Augusto de Aguiar, e apercebi-me que já é conhecido de
alguns lojistas da zona.
Passou junto a mim e não consegui resistir ao olhar doce e
ao sorriso que me pedia a moeda.
Logo atrás, em passo apressado, vinha a dona ou gerente (não
sei se era…, mas assim parecia) de um salão de cabeleireiro bem ‘fashion’,
localizado no início da Avenida.
Virou-se para ele e perguntou, em tom alegre e sorridente…
- Queres comer? Tenho ali a tua sandes!
- Sim! De pronto acenou com a cabeça, devolvendo-lhe o
sorriso meigo e doce, igualzinho ao que me tinha presenteado, ao receber a moeda.
E sempre que me cruzo com personagens destas, fico a pensar...
Que raio de razão tão forte terá levado tal pessoa,
aparentemente doce e calma, a chegar a este estado...
Solidão? Precaridade económica inesperada? Laços familiares
inexistentes ou débeis? Violência? I really don’t know…
E lá continuei a caminhar, mais um pouco, até à zona onde
tinha deixado o carro estacionado.
De novo, olhei à esquerda e reparei na jovem, ali bem perto,
sentada nas escadas laterais que ficam junto à entrada do parque de
estacionamento.
Lia um livro, daqueles de quinhentas páginas, com ar de quem
devorava as palavras, as vírgulas e os pontos finais, com gosto. O Sol
batia-lhe no corpo, sem encadear o olhar e a sensação de calma que transparecia,
era boa e confortante.
E naquele preciso momento pensei… Olha, até que não me
importava nada de ficar por aqui a ler um livrinho e a disfrutar este Sol, bem
quente e gostoso, sem pressas…
Nada feito Ms. Isabel! Vais mas é direitinha ao trabalho,
que é um gosto!
E lá fui eu, em direção ao carro. Entrei, meti a chave na
ignição e pensei…
Bora lá oh airosa, que se faz tarde! Lisboa é mágica mas, acabou-se a hora do recreio!
Beijos,
da Princesa! (eterna sonhadora, neste quotidiano simples
e bem vulgar…)
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