Monday, August 21, 2006

Adeus Cleópatra


Ontem alvejaram a tiro minha querida gata Cleópatra.
Fazia dois anos amanhã e era o animal mais meigo de todos os que cuidei, até hoje.
Preta, elegante e dengosa, só lhe faltava falar comigo. Escolhia para dormir os sítios mais engraçados que possam imaginar: a fruteira da bancada da cozinha era o favorito.
Infelizmente, não estava em casa quando tudo aconteceu e foi o meu irmão e o meu sobrinho mais novo que a transportaram de urgência para o Hospital Veterinário do Restelo. Obrigada, Rui e Rodrigo!
Ao telefone o médico disse-me que as hipóteses de a salvar eram quase nulas. O chumbo tinha atravessado o ventre, deixando estragos por onde passou. Com uma perfuração aguda no intestino, o estado de prostração dela era tal que viria, certamente, a morrer na operação.
Só me lembro de ter dito:
- Por favor doutor, com o mínimo de sofrimento possível.
A Cleópatra parecia que dormia quando regressou a casa, embrulhada numa mantinha de quadrados.
Enterrámo-la no jardim, no lugar onde mais gostava de descansar: junto do tufo de hortenses que fica por baixo da minha varanda.
O Rodrigo pediu baixinho:
- Pai! Deixas-me agora pôr a terra por cima?
A cadela Nina, o gato Soneca e o gato Bolinhas seguiam, não de muito longe, todo o ritual como que pressentindo a morte. A mãe gata Alice não apareceu. Provavelmente, não teve coragem para tanto.
Abracadabra! E lá desapareceu a minha Cleópatra, na noite escura.
Saudades!
da Princesa

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