Saturday, February 14, 2015

“Duelo de Titãs”


Um grande desafio no palco do Grande Auditório do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, teve lugar esta noite…
O nosso querido, bem Português, Maestro António Vitorino de Almeida e o pianista Brasileiro Luis Avellar.
Em cena apenas os dois e um piano, num duelo improvisado, que se transformou em harmonia, cumplicidade e numa performance, simplesmente, brilhante.
Dei por mim a viajar por ali, com eles em palco, por vezes pairando no ar, perdendo de vista as figuras ali tão perto, outras vezes ao seu lado com vontade de meter as mãos naquele piano, como se soubesse tocar…
As mãos, os corpos, os gestos, a entrega aos sons mais suaves ou mais agrestes, mais lentos ou mais em passo de corrida, fizeram-me regressar à infância alegre e às brincadeiras nas traseiras da casa, com o meu irmão e os amiguinhos do bairro onde vivíamos.
E enquanto me chegava o som de um alegro dançante, lembrava-me de quando brincávamos às escondidas e partíamos a correr que nem loucos, para nos esconder atrás de uns arbustos, de uma árvore ou de um monte de pedras, enquanto um contava até dez, com os olhos fechados. E mal som das teclas abrandava, lembrava-me do reter da respiração e ficar por ali imóvel, quase sem respirar, encostada ao esconderijo escolhido, para não ser encontrada, em primeiro lugar.
E quando um deles atacava as teclas do piano com raiva, em som crescendo e cheio de força, lembrava-me da minha mãe a gritar por mim e pelo meu irmão, na janela das traseiras da nossa casa:
- Isabeeelllll Mariiiiiaaa!!!!! Ruiiii Humbeeeeertooooo!!!! Já p’ra casa!!!!! O jantar já está na mesa!!!
- Lá vem borrasca! Pensava eu... Já vamos apanhar!!!!
E lá íamos nós os dois, bem rápido, convictos que umas poucas palmadas no rabo em troca de mais dez minutos de brincadeira, era um preço bem baixo, comparado com o ganho da folia extra, eheheheh…
Depois daqueles ataques ao piano, cheios de força e de emoções fortes, sempre em crescendo, lá vinham as melodias suaves, côr de rosa, a fazer-me lembrar a canção “As time goes by”, do filme Casablanca.
Até parecia, que tinham o Sam ali a seu lado, a tocar com eles e a inspirar o beijo doce, quente, carregado de paixão, a preto e branco, entre Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.
Pois é malta, eu e aminha mania, de sonhar acordada!
Um grande bem-haja e um grande abraço ao Maestro António Vitorino de Almeida e ao Luis Avellar, que confesso, não conhecia mas, de quem fiquei fã do talento, do sorriso e daquele voltar de costas para o público, de braços acima, como quem diz:
- Palavras para quê? Sonhem por aí, à vontade!  

Beijos,
Da Princesa! (e sonhadora…, eterna!)

 

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