Rodeada de árabes no hotel, sem perceber peva do que dizem e argumentam, uns com os outros, à velocidade da luz. São para aí uns oito ou nove a falar ao mesmo tempo e só consigo distinguir o vocábulo Ala, Ala, Ala, Ala, Ala…, com o som arrancado bem lá do fundo da garganta e, pouco mais.
Procuro passar despercebida, já que o árabe mais velho do grupo não pára de olhar e de se rir para mim. Ontem apanhou-me a sorrir quando eu estava lá fora a fazer as minhas chamadas telefónicas de final de tarde até me disse adeus. “Oh my God! Valha-me Alá!”
Às tantas o velhote vê mal como o raio e pensa que sou alguma virgem do harém, lá da terra dele, que veio perdida na bagagem, eheheheh…
Hoje, até o motorista do táxi, de idade já um pouco avançada (uns setentas) se virou para mim e disse: “Old man…, no speek English” (sorriso). E lá continuou ele descontraído a falar e a dar-me indicações na língua mãe, como se eu fosse uma erudita na matéria.
“Das ist unglaublich! Super!”
Fui à farmácia da vila comprar um elixir para refrescar e desinfectar a boca, daqueles que usamos depois de lavar os dentes, já que o meu tinha acabado. Primeiro que eles entendessem o que eu queria foi obra, principalmente porque não era um artigo de exposição e eu não podia apontar. Depois de dizer que não era o creme da cara que me estavam a tentar vender, lá consegui fazer-me perceber e até trouxe um bem fixe, que já experimentei. Incrível, tirando alguns dos alemães mais jovens, ninguém fala Inglês nesta terra. Bem voltados para o seu belo umbigo, estes habitantes da Merkelândia.
Quem quiser, que fale alemão! That’s it!
Hoje, festa de casamento no hotel…
A noiva deve estar a morrer de frio, enfiada naquele vestido bem destapado e sem ombros. Bom, se calhar as noivas nunca têm frio e por aqui, os copos de cerveja de 0,5l também dão uma bela ajuda.
Imaginem só o estado dos convidados, cerca das nove e meia da noite, eheheheh…
Estava eu bem tranquila, a comer a minha salada fresca no bar e a apreciar, em simultâneo, o fantástico e piroso Festival da Eurovisão 2014 quando, inesperadamente, chega até mim um dos convidados masculinos (very tipical german, louro, com barriga e a cheirar a cerveja) e me pergunta de onde sou, em alemão, claro.
- I'm Portuguese. (disse eu).
- Oh! Ich sprechen keine English!” (disse ele)
- E Português? (perguntei eu) Remédio santo! Desistiu de imediato do meu fantástico perfume, eheheheh…
E é nestes ambientes Europeus, embora um pouco estranhos, em que me vejo embrulhada de vez em quando, para quebrar o ritmo…
O tempo está cinzento e salpicado de chuviscos e o Sol fez greve, quase integral, neste fim-de-semana, longe de casa. Pelo menos, a temperatura está suave, o que já não é nada mau. Valeu-me ter planeado o passeio de hoje no período da manhã, com almoço em Wiesloch, senão estava bem tramada. Ficava fechada de castigo no hotel, que era um gosto.
Caminhei bastante, andei pelos mercados de rua que por cá até são bem engraçados e coloridos mas, as pessoas por mais que se esforcem em ser prestáveis e simpáticas, têm sempre aquele ar semi-tenso, tímido e pouco à vontade.
É a falta de sol e de mar, só pode!
Amanhã, brunch em Heidelberg, com a malta Portuguesa amiga, que por cá está a viver e a trabalhar, há uns belos aninhos. Alguns já cá viram nascer filhos e filhas o que leva a crer, um não regresso às origens para breve ou, até mesmo, para nunca.
Quem sabe…
Beijos,
da Princesa!