Os Deuses devem estar loucos

www.olhares.com - Fotos: Luis Lobo Henriques

Ainda dizem que as histórias de encantar não escondem um fundo de verdade...

Mini tornados, chuvas torrenciais e blocos de granizo localizados, tremores de terra, réplicas constantes, ambientes sufocantes, humidades que nos pesam nos ombros, o eixo da Terra que se move sorrateiro e altera latitudes e longitudes, placas tectónicas que deslizam subtilmente, telhados que voam e nos deixam os corpos a descoberto, inundações, terras que se movem à velocidade da luz, paisagens devastadas de forma inesperada, forças de uma Natureza incontrolável.

Os Deuses devem estar loucos, dizem as gentes...

Será que as energias da Terra estão a tentar falar connosco?

Parem seus imbecis! Parem! Estão a destruir o bem mais precioso que existe ao cimo da Terra... a Vida!

Afinal os Deuses não estão loucos.

Estão enfurecidos, raivosos e revoltados com tanta ingenuidade humana.

As pedras são os ossos da terra, as árvores são os músculos que a amparam com dignidade, o mar é o colar que lhe adorna o pescoço esbelto.

Parem de remexer as entranhas desta massa gigante, parem de agredir o que de mais belo a Natureza nos ofereceu de mãos abertas.

Não transformem as mais belas histórias de encantar num desencanto presente e futuro.

Deixem a floresta dormir em paz, deixem os golfinhos brincar junto aos cascos dos navios, deixem as andorinhas fazer os ninhos onde lhes apetece, deixam as arribas costeiras erguerem-se imponentes ao lado da praia, deixem os peixes mergulhar nas ondas e apanharem uma congestão de algas verdes e suculentas, deixem os gorilas balançar os seus corpos grandes de árvore em árvore, deixem que a energia possa fluir entre vales e serras e abraçar os arbustos de mansinho, deixem que o Sol brinde o Mundo com um sorriso amarelo vivo, deixem que o vento se passeie suave e sem pressas, nos afague o rosto e nos desfaça o penteado... com graça.

Beijos,

da Princesa!