Sunday, September 20, 2009

Histórias de ninar

Às vezes recordo os momentos em que ficava junto da minha pequena Vanessa a contar a história da noite, sempre um pouco antes da hora de dormir.
De tal forma a habituei esse ritual que se tornou imprescindível e parte integrante das nossas rotinas diárias.
Sentava-me junto dela, na beira da cama, pegava num dos muitos livros que lhe comecei a comprar quando ainda a passeava na minha barriga e ali ficava a ler, a história da noite.
- Vanessa, vamos lá começar. Hoje vou contar a história da "Anita na Escola", pode ser?
- Sim.
- Era uma vez...
E dia após dia, lá escolhíamos uma, outra e outra história... "Anita a Cavalo", "Anita no Ballet", "Anita na Praia", "Capuchinho Vermelho", "Gato das Botas", "Bela Adormecida"... e tantas, tantas outras.
Ela ficava a escutar, atenta a todos os pormenores. Às vezes para a testar saltava uma ou duas páginas do livro e punha-me a inventar. Quase de imediato, dizia:
- Nãoooooo! Pára mãe! Não é assim... isso está tudo mal! A Anita foi lá fora ao jardim e disse...
Foram dias e dias de histórias de ninar e de encantar, contadas uma e outra e outra e outra vez...
Às vezes inventava eu as histórias... a do Sol, a da Lua, a da menina dos cabelos dourados, a da fada azul.
O pior era quando me pedia para eu repetir a história de um dia anterior e claro, lá me falhava um ou outro pormenor. Punha o Sol a brilhar na direcção da árvore mas afinal era na direcção do pássaro, punha a menina a caminhar junto da estrada ladeada de malmequeres mas afinal era de papoilas, vestia a fada com um lindo vestido azul mas afinal era amarelo.
Sempre atenta e pronta a emendar, a pequena Vanessa dizia logo:
-Nãooooo! Pára! Pára! A menina ia na estrada de papoilas e depois o Sol espreitou por entre as nuvens para ver o pássaro que voava no céu. Pronto, agora já podes continuar.
E lá continuava eu com a história, de nuvem em nuvem, de Sol em Sol, de Lua em Lua, seguida por aqueles olhitos atentos e aos mãozitas a espreitar pela borda do lençol.
Pouco a pouco, o sono ia vencendo a resistência do corpo e tomava conta da fantasia. Sorrindo, lá ficava ela a sonhar, bem agarradinha ao ursinho "Angeloso" e ao Pequeno Pónei.
Verdadeiras histórias de encantar e de ninar...

Beijos,
da Princesa

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