Estou neste momento a ler um livro daqueles...
um LIVRO a sério, um livro com letras grandes.
Embora o Miguel Sousa Tavares me pareça um pouco pretensioso no seu discurso económico e político admiro-o pela forma frontal e aberta com que aborda alguns dos temas da nossa actualidade. Muitas das vezes o seu tom é demasiado rude mas sabe "tocar nas feridas" desta terra.
Quanto à sua escrita literária, na minha modesta opinião, é de grande qualidade ou até mesmo brilhante.
"Equador" e "Rio das Flores" são dois romances que espelham retratos de época fabulosos, reveladores de uma recolha cuidada dos dados históricos e de uma sensibilidade rara para a construção dos enredos.
A magia e o encanto da escrita estão presentes na forma como descreve momentos, circunstâncias e personagens. Às vezes até me parece que estou entre eles e quase reconheço todos os seus traços, jeitos, trejeitos e até os sorrisos consigo imaginar.
Em "Rio das Flores", através das aventuras e desventuras de uma família de grandes proprietários rurais alentejanos, os
Ribera Flores, viajamos até à primeira metade de um século XX onde florescem as ditaduras Europeias
. Vão-se devorando páginas e páginas (são seiscentas e trinta e duas no total) com a ânsia de vislumbrar ou antever rapidamente o final da história.
A curiosidade em saber o que irá acontecer a todos é quase doentia e o enredo vai-se construindo de forma tão entusiasmante que dei por mim a ler e a especular em pensamento se algumas das personagens não se irão ainda envolver. Talvez o Pedro e a Amparo ainda venham a ter um caso e talvez o Diogo se venha a meter em sarilhos com as suas ideias políticas ...
Estou ainda a dois terços do final do livro e já encontrei vários episódios circunstanciais que adorei, como por exemplo o que retrata o comportamento dos pais de Amparo, noiva de Diogo Ribera Flores, no dia do seu casamento e a forma como lhes assentam os fatos que envergam no dia da boda da filha.
Um Eça de Queirós do século XXI...
Não deixem de ler!
Beijos,
da Princesa