Saturday, March 19, 2016

O meu Pai...



Hoje é um dia para celebrar os Pais e, como tal, tenho que deixar por aqui, neste humilde espaço de escrita, o meu sentimento de saudade eterna, pelo meu querido pai.
Lembro-me de tantas coisas, boas e menos boas, mas... principalmente das boas e, como tal, são essas que por aqui deixo hoje.
O meu pai era um coração doce, uma personalidade um pouquinho fraca, comparando com a da minha mãe, mais 'generala'... mas, apesar dessa diferença, resistiram ao tempo e aos amuos ocasionais.
Criaram-nos bem, a mim e ao mano Rui, com muito zelo e carinho e, às vezes, também, com uns tabefes, se calhar merecidos...
Prevaleceram na minha memória, ainda bem viva, alguns momentos que não vou esquecer nunca, nem que o 'Alemão' me ataque um dia, qui çá?
Do que me lembro mais, com muito carinho...
- De eu e o meu querido mano Rui, bem pestinhas os dois, lhe torrarmos a paciênciá até ao limite, com as nossas traquinices de miudos pequenos e, logo de seguida, nos pisgarmos para debaixo daquela grande cama de casal e nos escondermos debaixo da dita, rastejando sempre para o lado contrário, onde ele nos tentava caçar, eheheheh...
- De me ter levado, bem caninas, devia ter os meus 4 ou 5 anitos, a ver um jogo do Benfica, no antigo estádio da Luz!!! Lembro-me do fascínio do ambiente e da emoção forte e, lembro-me, do meu deslumbramento de menina pequenita...
- De me ter levado a visitar e a andar no Metro de Lisboa, pouco tempo depois da inauguração, que ocorreu em Dezembro de 1959.
- De escrever poemas de amor à minha mãe, que depois lhe recitava com gosto e, aos quais ela retribuia assim: "Oh Américo!!! Deixa-te de parvoíces!!! Olha os miudos!!!"
E lá ficava ele encabulado e dizia: "Oh Maria Julia!!!"
- Da mãe o avisar, vezes sem conta: "Oh Américo!!! Não podes dizer mal do Salazar na rua!!! Alguém da PIDE pode estar a passar e ouvir-te!!! Podes ir preso e... depois, como é que ficamos nós???"
- De cantar na casa de banho e a mãe se passar de tanto o ouvir: "Oh Américo!!! Vê lá se te calas homem!!!
E lá respondia ele, quase a pedir desculpa por ser romântico: "Oh Maria Júlia!!! Esta canção é linda!!!"
- De o ver ler, livros sem fim... e, principalmente, ficar bem atenta aos que lia e escondia a seguir...
E foi assim que li, prematuramente,  "O Crime do Padre Amaro", por volta dos meus 12 ou 13 anitos de idade, eheheheheh... Fiquei à espreita do esconderijo e zás!!!
Lia o romance aos poucos e depois arrumava-o no mesmo sítio onde ele o escondia. Já era bem espertinha na época, eheheheh...
Quando morreu, eu e o mano Rui acordámos que ele ficava com a caneta de tinta permanente  Schiffer e com o relógio Tissot e eu, ficava com a sebenta de capa preta, aquela onde ele escrevia os poemas de Amor à minha linda mãe e, outros tantos...
Ainda a guardo com carinho e a sete chaves!!!
Pai.. quem me dera que algum dia alguém me tivesse escrito e dedicado um poema de Amor e me tivesse dedicado uma canção...
Talvez, na próxima Encarnação!!! Who knows???
Querido Pai, espero que estejas bem, onde quer que estejas...
Um dia, ainda nos vamos encontrar e trocar poemas e textos lindos e  ainda...
'Histórias de Encantar'!

Beijos,
da Princesa! (Amor Eterno, querido Pai!)

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