Monday, October 19, 2015

A Poesia é mágica...


Embora não sendo uma leitora assídua de poesia, gosto de ter alguns livros de poemas por perto, especialmente, porque de vez em quando gosto de lhes deitar a mão e de os abrir ao calhas, para ver o me dizem aquelas palavras sentidas.
A minha amiga Maria, já foi eleita algumas vezes, já que sente as palavras lá bem no fundo e deita-as cá para fora, transformando-as em magia pura mas hoje..., a sorte presenteou-me com o grande Pablo Neruda (1904-1973)...

Para que tu me ouças

Para que tu me ouças
as minhas palavras
adelgaçam-se por vezes
como o rasto das gaivotas sobre as praias.

Colar, guizo ébrio
para as tuas mãos suaves como as uvas.

E vejo-as tão longe, as minhas palavras.
Mais que minhas são tuas.
Vão trepando pela minha velha dor como a hera.

Elas trepam assim pelas paredes húmidas.
Tu é que és a culpada deste jogo sangrento.
Elas vão a fugir do meu escuro refúgio.
Tu enches tudo, amada, enches tudo.

Antes de ti povoaram a solidão que ocupas,
e etão habituadas mais que tu à minha tristeza.

Agora quero que digam o que eu quero dizer-te
para que tu ouças como eu quero que me ouças.

O vento da angústia ainda costuma arrastá-las.
Furacões de sonhos ainda por vezes as derrubam.
Tu escutas outras vozes, na minha voz dorida.
Pranto de velhas bocas, sangue de velhas súplicas.
Ama-me, companheira. Não me abandones. Segue-me.
Segue-me, companheira, nessa onda de angústia.

Mas vão-se tingindo com o teu amor as minhas palavras.
Ocupas tudo, amada, ocupas tudo.

Vou fazendo de todas um colar infinito
para as tuas brancas mãos, suaves como uvas.

Ahhhh que belo este poema!

Pablo Neruda, forever and ever!

Beijos,
da Princesa! (também, amante da Poesia!)

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