Wednesday, March 19, 2014

Dia do Pai



Já estou como diz o Professor Julio Machado Vaz, no seu post de hoje: Maria, Emprestas-me o teu Pai?
Eu também tinha uma Maria a quem pedir mas, infelizmente, já não está por cá para ouvir os meus pedidos ou, se calhar até está, para sempre no meu coração e nas minhas memórias...
Pois, hoje apeteceu-me escrever um pouco sobre o meu Pai, apesar de não o ter fisicamente, junto de mim.
Homem bonito, charmoso mas, um pouco louco ou, um pouco sonhador demais, para a "vida real" que então teve...
De que me lembro mais?
De me pegar forte e feio com ele, de o ver ler livros que me despertavam a curiosidade de adolescente mas, que me escondia por achar que estavam à frente no tempo, para a minha idade mas, que eu sempre descobria rápido, porque já lhe conhecia as manhas e me escondia a ver onde os guardava, religiosamente, para eu depois os pegar pela surra... "O Crime do Padre Amaro" foi um dos que li avidamente, pela primeira vez, quando tinha 12 ou 13 anos e, adorei. Nunca soube que o li, pois eu deixava-o sempre no mesmo lugar e com a mesma inclinação, eheheheh...
Lembro-me das malandragens que fazia pela surra e das contravoltas que eu inventava, para o enganar.
Lembro-me de alguma intolerância quando comecei a sair com o meu primeiro namorado e ex-marido e das descascas que levava quando chegava a casa, uns minutos fora da hora marcada e, sobretudo, lembro-me de pensar... "Perdida por uma, perdida por mil!"
Chegar atrasada do passeio meia hora, ou duas ou três, ia dar no mesmo, um raspanete daqueles e, às vezes, um tabefe.
Também me lembro dele bem mais velho, já bastante doente e, de uma tolerância diferente da minha parte, já bem mais velha, também. Nessa fase de vida, dei-lhe muito carinho e o que melhor de mim tinha.
Sobreviveram bem nítidas as memórias: as cantorias logo pela manhã na casa de banho, em tom desafinado e, o caderno de capa preta, compoemas que escreveu, em Português e em Francês, muitos deles dedicados à minha mãe que lhe dizia em tom desinteressado, quando ele lhos recitava, bem encalorado e bem entusiasmado:
"Oh Américo! Deixa-te lá dessas parvoíces!"

Saudades do Pai e da Mãe, neste dia 19 de Março 2014!

Beijos,
da Princesa!

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