A beatização dos heróis...

Se há coisa que a minha formação académica me deixou mais apurada, foi a vontade de reflectir sobre os fenómenos sociais, sejam eles de que dimensão forem.
O dia de hoje foi passado, obrigatoriamente, a ver as reportagens televisivas sobre a carreira de Eusébio.
É impressionante recordar a capacidade que aquele jovem atleta tinha para incendiar multidões, para se superar a si próprio, na ambição de ganhar, de marcar golos e de inundar de emoções positivas um estádio, a abarrotar de adeptos.
Recordo-me dele, desde menina, desde que o meu pai me levava a ver alguns jogos no “antigo” Estádio da Luz, tinha eu para aí uns 4 ou 5 anitos.
Daí a minha relação de amor eterno com o SLB, nem que algum dia vá parar à 5ª. Divisão (que nem sei se existe, eheheheh…).
Lembro-me do ambiente alegre do estádio, lembro-me de estar próxima do relvado, de mão dada com o meu pai e, até me lembro, da mãe ter destruído o cartão de sócio do pai, pois o dinheiro das quotas do SLB fazia falta para a comidinha dos filhos.
Memórias Mãe, eu percebo… mas, naquela altura fiquei bem triste pois já não podia ir aos jogos futebol, de Domingo à tarde.
Mas o que é, realmente, importante analisar, é a capacidade daquele jovem em conseguir mover a turba, em incendiar os corações, em fazer nascer paixões e arrancar os aplausos, nas vitórias ou nas derrotas.
Quem está do lado de cá percebe sempre, vibra e, simplesmente, sente aqueles momentos únicos e inesquecíveis, que vão permanecer nas memória, “forever and ever”…
Todos temos defeitos e todos temos virtudes e, certamente, Eusébio também não terá fugido à regra mas, uma coisa ninguém lhe tira, a paixão em campo, a vivacidade e a alegria que transmitia quando jogava, pelo Benfica ou por Portugal.
Naquele pequeno e cinzento País de então, “à beira-mar plantado”, naquele desconhecido canto da Europa e do Mundo, amorfo, oprimido e triste, Eusébio encheu de alegria e de alento o coração de milhões de Portugueses, vezes sem conta.
Porquê? Não é fácil de explicar. Faltam-me as palavras certas!
Talvez o fascínio dos sonhos que nos fizeste sonhar, das emoções que nos fizeste sentir, do orgulho em ser Português, que nos recordaste, vezes sem conta...
É essa paixão avassaladora, sem explicações, sem factos pré-concebidos, sem regras e sem limites mas, apenas e só, vestida dos objectivos, que constroi os verdadeiros heróis, os mitos e os imortais deste Mundo “cruel” ou, nem por isso…

Vivam para sempre os meus heróis de infância e de agora!

Vivam as paixões incondicionais pela Vida e pela Eternidade!

Bem hajas Eusébio!

Beijos,
da Princesa!