Saturday, March 09, 2013

TODOS OS HOMENS SÃO MARICAS QUANDO ESTÃO COM GRIPE


Esta noite de Inverno, fria e chuvosa, fez-me lembrar um poema de António Lobo Antunes, que o querido José Fanha recita em tom bem jocoso e..., como ninguém.
Não me perguntem o que é que uma coisa tem a ver com a outra, porque não sei explicar.
Será que foi o espírito da data emblemática de ontem?
Às tantas...quiça? Eheheheh!

Beijos,
da Princesa!



TODOS OS HOMENS SÃO MARICAS QUANDO ESTÃO COM GRIPE
Pachos na testa
Terço na mão
Uma botija Chá de limão
Zaragatoas
Vinho com mel
Três aspirinas
Creme na pele
Dói-me a garganta
Chamo a mulher
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer
Mede-me a febre
Olha-me a goela
Cala os miúdos
Fecha a janela
Não quero canja
Nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes
Não vales nada
Se tu sonhasses
Como me sinto
Já vejo a morte
Nunca te minto
Já vejo o inferno
Chamas diabos
Anjos estranhos
Cornos e rabos
Tigres sem listas
Bodes de tranças
Choros de corujas
Risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes
Que foi aquilo
Não é a chuva
No meu postigo
Ai Lurdes, Lurdes
Fica comigo
Não é o vento
A cirandar
Nem são as vozes
Que vêm do mar
Não é o pingo
De uma torneira
Põe-me a santinha
À cabeceira
Compõe-me a colcha
Fala ao prior
Pousa o Jesus
No cobertor
Chama o doutor
Passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes
Nem dás por nada
Faz-me tisanas
E pão-de-ló
Não te levantes
Que fico só
Aqui sózinho
A apodrecer
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer

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