Thursday, July 19, 2012

Histórias… de Cidadãos de Bem!

Esta manhã, tive a sorte de me calhar um jovem motorista de táxi, engraçado e bem-disposto, que me levou ao trabalho.
Pedro, era o nome. Fiquei a saber, no final da viagem…
Com pinta de personagem de bairro, qual filme “Sangue do meu Sangue”, mas com um ar muito feliz. De aspecto impecavelmente limpo e simples, falava uma linguagem um tanto limitada mas com toque ancestral, talvez proveniente de um convívio com uma família de aldeia do nosso interior.
Sempre, em tom alegre, lá foi se foi expressando, da melhor forma que sabia.

Sabe Doutora… você é formada, não é Doutora?

Licenciada em Sociologia, disse, também, sorrindo…

Pois é! Vê-se logo! Você diz as coisas de uma maneira que a gente vê logo que sabe o que diz.

Obrigada, respondi… Apenas gosto de me interessar pelas coisas da vida e, também, gosto de falar com as pessoas.

Ainda bem! Disse ele aliviado e feliz… As pessoas passam a vida caladas e macambuzias, sempre a pensar nos males que lhes acontecem e depois, não falam. Eu cá gosto muito de falar, sou um tagarela. Gosto de dizer olá às pessoas, de lhes perguntar se estão bem, de desejar-lhes um bom dia, de dizer obrigada… Hoje ninguém se dá ao trabalho de dizer obrigada, ou de dizer que nós somos importantes, que fazemos falta…
Se eu tivesse estudado mais… tinha gostado muito, de certeza.

Ainda está a tempo, disse-lhe. Eu tirei a Licenciatura bem mais tarde, já com uma filha crescida e, terminei a quando ela estava a entrar no 1º Ano da Faculdade, em Belas Artes. Ainda me lembro da Declaração do IRS de 1996 ter as despesas de Educação de nós duas…

Ah… a sério? Que lindo! Dizia ele com um tom maravilhado, como se o que eu tinha acabado de dizer fosse ao encontro dos seus sonhos… Ah Doutora, se eu pudesse escolhia Psicologia! Gosto muito…

Um motorista de taxi Psicólogo! Why not? Pensei eu...

Chegámos ao fim da viagem e perguntou-me: É boa a Matemática?

Acho que sim, respondi-lhe…

Então, ajude-me lá com as minhas contas por favor: Portagens..., 1.35€ x 2?

2,70€, respondi-lhe…

Agora ponha-lhe mais 16,55€…

19,25€, disse eu…

Mais 0,40€, da chamada?

19,65€, rematei…

Obrigada Doutora! Quer uma facturinha, não é?

Sim por favor. Obrigada!

E para se despedir perguntou: Diga-me a Sua Graça, Doutora? Ficou à espera de ouvir a resposta, sempre sorrindo…

Pensei um pouco, face à surpresa do termo que empregou e apressei-me a responder: Quer saber o meu nome, não é? Isabel… Chamo-me, Isabel.

Pedro, é o meu nome. Muitas felicidades, Isabel!

Felicidades, também para si, Pedro. Um bom dia de trabalho! Sorte e até outra vez…

Às vezes até vale a pena ter o carro avariado para ter o privilégio de conhecer personagens destas. São elas a verdadeira prova que o Estado está errado quando, sistematicamente, produz legislação para tentar sacar dinheiro à malta, a todo o custo e por “portas e travessas” (como dia a minha mãezinha) …, tendo invariavelmente, como ponto de partida, um único pressuposto:

“O cidadão Português NÃO é uma Pessoa de Bem”.

Pena que não auto exija a Si próprio e à complexa máquina que gere, o que tenta impor aos seus Cidadãos, à força, de forma distorcida e pouco democrática!

É que a invasão de privacidade não funciona só para um lado Sr. Estado!

Beijos,
da Princesa!

2 comments:

Ana Sobral said...

Pois é minha amiga, Deus escreve direito por linhas tortas. certo?
Já pensaste como a avaria do teu carro foi providencial para conheceres o Pedro. Mudaste para melhor a tua opinião sobre um "taxista" e quem sabe não foste a ferramenta utilizada pelo Universo para lhe abrir "portas" que ele julgava "inultrapassáveis".
Gosto das tuas histórias. Dizem muito de ti. Abraço.

Princesa Isabel said...

As tuas mãos milagrosas e os teus quadros, também, são o espelho da tua Alma minha querida!
Beijinhos amiga! :*