Wednesday, April 25, 2012

25 de Abril...

Este é um dia muito especial para mim, que me trás muitas e boas recordações acerca da minha consciência política, que se foi formando, de descoberta em descoberta, a partir da minha adolescência.
Aquela alegria contagiante do dia da "Revolução dos Cravos", aquele primeiro 1 de Maio inesquecível, o facto de ter deixado de ouvir a minha mãe chamar a atenção do meu pai para manter o "bico calado", preocupada com as bocas que ele mandava, contra o Governo de Salazar, em qualquer parte e a propósito de tudo e de nada.
- Américo! Fala baixo! Olha que a PIDE está em toda a parte...
E lá se calava ele, resignado, mas não sem antes protestar com ela.
- Mas olha lá Maria Júlia! Então já não posso falar?
- Podes...mas, fala baixo homem, que podem ouvir!
Não, de facto não se podia falar publicamente o que nos apetecia, ou podia-se falar mas, em surdina.
Esta, para mim, foi a maior Liberdade de todas. Poder falar, escrever e cantar sobre o que nos vai na Alma, sobre o que nos dá prazer, sobre o que nos comove, sobre o que nos dói, sobre o que nos entristece ou sobre o que nos entusiasma.
Na altura, não percebia muito bem o que era a PIDE, só sabia que não era nada de bom e que era algo que devia temer.
Apenias sabia que eram os responsáveis pelos presos daquela torre em Caxias. Lembrava-me que em pequenitos, eu e o meu irmão, quando por ali passávamos na camioneta, a caminho da praia, a minha mãe às vezes falava baixinho para nós e dizia: "ali, naquele forte de janelas com grades, estão os presos políticos, contra o regime de Salazar.
Contavava ela, que se que às vezes no Inverno, chegavam a ter água até aos joelhos, dentro daquelas celas escuras. Diziam, também, que às vezes, na calada da noite, se ouviam os gritos que viam lá de dentro.
E lá fica eu a pensar o que seria o regime de Salazar e os presos políticos.
Quando, logo depois do 25 de Abril de 1974, vi as imagens da sua libertação na televisão e me lembrei que aqueles eram os presos da tal torre em Caxias, foi uma grande sensação de alívio. Ainda me lembro dos longos e apertados abraços, dos rostos sorridentes e das lágrimas de alegria.
Finalmente...

Viva o 25de Abril!
Viva a Liberdade!


Beijos,
da Princesa

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