Se há coisa que percebemos ao trabalhar num mercado como o actual é o sentimento de insegurança generalizada dos trabalhadores nas empresas e o agora constante sentimento de medo reflectido nos seus olhares, gestos e atitudes.
As conversas de corredor exalam a desconforto, as posturas dos corpos são curvadas e sem jeito, as rugas na testa cada vez mais vincadas e o sobrobolho sempre franzido...
O som das palavras é baixo e contido, quase como se a projecção de voz tivesse que ser oposta ao habitual, isto é, para dentro e não para fora.
Preocupante, deveras preocupante...
Viver, às vezes, pode ser lixado!
Beijos,
da Princesa
Esse Desemprego (Bertolt Brecht)
Meus senhores, é mesmo um problema
Esse desemprego!
Com satisfação acolhemos
Toda oportunidade
De discutir a questão.
Quando queiram os senhores! A todo momento!
Pois o desemprego é para o povo
Um enfraquecimento.
Para nós é inexplicável
Tanto desemprego.
Algo realmente lamentável
Que só traz desassossego.
Mas não se deve na verdade
Dizer que é inexplicável
Pois pode ser fatal
Dificilmente nos pode trazer
A confiança das massas
Para nós imprescindível.
É preciso que nos deixem valer
Pois seria mais que temível
Permitir ao caos vencer
Num tempo tão pouco esclarecido!
Algo assim não se pode conceber
Com esse desemprego!
Ou qual a sua opinião?
Só nos pode convir
Esta opinião: o problema
Assim como veio, deve sumir.
Mas a questão é: nosso desemprego
Não será solucionado
Enquanto os senhores não
Ficarem desempregados!
4 comments:
Peço desculpa de entrar assim nesta tua casa sem bater à porta, mas este teu post impele-me a que o faça.
Acima de tudo penso que há um aproveitamento da situação por parte das entidades patronais, que com a desculpa da crise fazem tudo o que lhes dá jeito fazer. Triste, muito triste e preocupante esta nova nossa realidade. Melhores dias virão com certeza até lá continuaremos a andar de cabeça baixa e a falar em sussurro, com medo de sermos ouvidos, como muito bem dizes.
Um beijo
Nada de desculpas... todos são bem recebidos nesta casa.
Para mim, acima de tudo, é urgente para todos remar contra esta maré de angústias e de receios. Temos que anular o efeito.
Abraço!
Sabes, eu só gostava de saber se, das milhares de empresas que por esse mundo fora já recorreram ao despedimento para "enfrentar" a crise, alguma delas procedeu a cortes nos vencimentos e regalias dos administradores... é que gostava mesmo!
Sempre cheio de ideias "marotas". O amigo é cá um brincalhão...
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