Hoje, no início da manhã, virei-me para as arrumações antes de começar o dia de trabalho.
Conhecem aquelas teimosias implacáveis que nos atacam quando entendemos, verdadeiramente, ter chegado ao nosso ponto de caos máximo?
Aposto que sabem... querem ver? Quando abrimos "aquela" gaveta mais de dez vezes à procura não sei de quê e não encontramos...
Engraçado, há conta deste ataque de limpezas gerais de gavetas, passaram-me várias coisas inúteis pelas mãos que deitei fora mas, sempre a pensar
'Porque raio guardei eu esta porcaria?'
De repente, um único objecto que sempre guardo, próximo de mim, desde 2004.
Aqui fica o poema "Quem morre?", de Pablo Neruda, inspiração permanente do meu modo inconformado de encarar a Vida.
Beijos,
da Princesa
*****
Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em
escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias
queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
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