Sunday, January 07, 2007

A menina

Era uma vez uma menina que cresceu feliz junto do pai, da mãe e do irmão. A família, modesta e trabalhadora, vivia numa parte de casa arrendada em Lisboa, pois o dinheiro não abundava nos primeiros anos dos garotos. A mãe era empregada doméstica e o pai era empregado do Estado.
Quando a menina tinha cinco anos mudaram-se para uma vila da periferia da capital e foram finalmente viver, só os quatro, para uma casa alugada e novinha em folha.
Os tempos da Escola Primária passaram descontraídos com a mãe a ajudar, apesar da pouca escolaridade, a ultrapassar algumas dificuldades das matemáticas e a Secundária voou no meio de muitas pegas e arrelias com o pai, principalmente pela insistente conquista do seu espaço de adolescente e de alguma liberdade.
Enfim, quando a menina deu por si já estava a trabalhar com quinze anos acabadinhos de fazer, a casar aos dezoito e a ter uma linda filha aos vinte.
Os primeiros sete anos foram felizes mas ao oitavo uma nuvem pairou sobre a relação e as coisas deram para o torto. Foram dias difíceis em todos os aspectos mas tudo se foi compondo pois o tempo é um bom conselheiro e um óptimo amigo.
Um novo e grande amor, uma filha que crescia à velocidade dos ventos ciclones, o desejo de regressar à escola aos vinte e oito, a Faculdade até aos trinta e seis e “zás, trás, pás” licenciatura feita, mudança de carreira e a chama da paixão sempre acesa.
Mas não há bela sem senão e a história de desencontros e desamores repete-se. A menina, então mulher de quarenta e seis anos atravessou um período muito duro da sua vida: a filha do outro lado do mundo, a mudança do seu espaço físico de referência diária, o reaprender a viver só enfim, digamos que não foi fácil.
À beira dos cinquenta e ainda a acreditar em contos de fadas, vejamos o que o futuro lhe reserva. Uma nova história de encantar seria uma bela ideia …
Beijos, da Princesa

2 comments:

Cravo a Canela said...

Que pena o Asno só servir para carregar a princesa no lombo... ;)

Aos cinquenta ou perto dos trinta um recomeçar é sempre penoso e acarreta sempre um período de adaptação difícil, mas cada vez mais acredito que a vida é feita de ciclos. E onde uns acabam, outros começam...

Lá diz o povo, ano novo vida nova!

Anonymous said...

Minha querida princesa,

Revejo-me nas tuas palavras...e a conclusão é a mesma.....aos trinta e dois anos e ainda a acreditar em contos de fadas!
Mas também de que valeria a pena se assim não fosse?!
Houve, um momento da minha vida, em que deixei de acreditar, mas foi tão triste essa minha fase...
Que não recordo com saudade alguma!
Realmente eu só sei ser feliz, enquanto houver "contos de fadas"..."princesas e principes"...
Concordo com Charrazito, a vida é feita de ciclos, só temos de nos mentalizar para isso, tentando não sofrer e aprender a tirar o que de melhor a vida nos oferece.
Bjo para ti
Andreia Charraz