Volver ... de Almodóvar

A minha opinião vale o que vale mas, desde que vi este filme, decidi escrever algo sobre ele em homenagem ao seu realizador e às actrizes que nele interpretam personagens fabulosas. Hoje um e-mail da A... lembrou-me que estava na hora de cumprir a promessa.
Pedro Almodóvar é um cineasta homem que mergulha, como ninguém, no fundo do ser e do sentir feminino. Independentemente dos temas que aborda, acabo sempre por me rever numa ou noutra forma de sentir ou pensar das suas personagens sejam elas rurais ou urbanas, mais ou menos sofisticadas.
Desde “Mulheres à beira de um ataque de nervos” que todas as figuras femininas criadas por Almodóvar foram desfilando à frente dos meus olhos e sejam elas velhas ou novas, gordas ou magras, bonitas ou feias, loiras ou morenas, seguras ou inseguras, cultas ou incultas, rudes ou meigas, há sempre momentos em que me revejo nelas e me questiono:
- Eu acho que já fiz isto …
- Era bem capaz de fazer aquilo …
- É assim que me sinto quando este tipo de coisas me acontece …
Em “Volver” o tema central é a morte mas, mais do que a morte, o guião fala da cultura de uma região de Espanha e da forma como as diferentes personagens femininas convivem e se identificam com essa mesma cultura.
Cármen Maura, Penélope Cruz e Lola Dueñas formam um trio espantoso! São personagens de um enredo perfeito que tem tanto de trágico como de hilariante, onde até os detalhes do vestuário são inimagináveis: só nos lembramos quando os vemos na tela.
Num toque quase mágico Almodóvar criou um clã familiar onde a mãe e as filhas parecem ser parte integrante de uma qualquer realidade com que já nos cruzámos e não personagens construídas e imaginadas.
Uma referência final para os excelentes desempenhos de Blanca Portillo e Yohana Cobo. Blanca encarna a vizinha solidária de todas as aldeias do mundo que nunca saiu e que neste caso específico, transferiu para os charros o papel de animadores do seu dia a dia. Yohana, uma jovem adolescente, encarna a filha de Penélope Cruz que mantem uma relação distante com a mãe até que algo de trágico acontece.
Este é um modesto tributo à mais linda história de encantar dos últimos tempos e … vivam as mulheres!
Não percam!
Beijos, da Princesa